quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

POESIAS - ESPERANÇA, ENVELHECIMENTO 01

 

ESPERANÇA

27/11/2011

G-09

A esperança da alegria

Agoniza no peito daquele velho poeta.

As garras da tristeza

Se aninham em sua alma,

desfolhando as flores,

suprimindo os amores,

desbotando as cores,

falseando as rimas.

 

Seu destino lentamente muda o rumo,

Seu equilíbrio sai do prumo,

Sua dor o atormenta.

São os últimos lampejos de uma vela bruxuleante

Que o vento da amargura

Insiste em apagar.

São os uivos inaudíveis

De um cão mudo,

Os alertas impensáveis de uma sentinela cega.

 

Ninguém ouve,

Ninguém vê,

Ninguém se importa.

A rima lhe bate à porta,

Tentando ajudá-lo:

“Amar!” - ela lhe diz,

Mas ele se põe a chorar.

“Lutar!” - ela insiste,

Mas a inércia o impede de andar

E o seu corpo desiste.

Já prostrado no caminho,

uma simples formiguinha

lhe mostra seu trabalho.

Arcada com uma folha,

Luta contra o peso,

Luta contra o vento,

Descontrola-se no caminho.

 

Uma outra formiguinha

Encontra-se à sua frente,

Antena-se com ela

E voltam à fileira.

Ela venceu!

A formiguinha lutou!

A formiguinha “se antenou”

E a folhinha levou.

 

A esperança da alegria

Fortifica-se no peito do poeta.

Os suaves dedos da paz

Se aninham em sua alma,

Replantando as flores,

Refazendo os amores,

Colorindo as cores,

Refazendo as rimas

Sua dor se esvai,

sua angústia sai,

seu amor retorna.

Ele sente em sua alma,

Não mais triste,

Renascer a esperança.

 

CALAFRIOS

11/12/2011

G-14

Calafrios o envolvem,

o estômago se enjoa,

o coração palpita,

suor abundante,

a cabeça gira.

 

Os olhos se embaçam,

a vidraça sai de foco,

as pernas bambeiam,

não consegue caminhar.

 

É como um tufão que o arrasa,

um terremoto que passa.

Mitsunami que estraçalha,

vulcão em erupção,

 

A angústia o esmaga.

Ajoelhou-se. Rezou.

Lembrou-se, Senhor, de vossa agonia,

do suor de sangue,

e se acalmou.

Vossa luz o inundou.

 

Os laços desfeitos,

novamente se ligaram.

 

Tudo se acalma.

O pulso volta ao normal,

a vidraça à nitidez,

as pernas se afirmam,

o sorriso aparece,

e enfrenta, feliz,

o seu caminho


A BRASA: AINDA RESTA UMA ESPERANÇA

(Título original: A BRASA.)

11/12/2011

G-16

As pedras do caminho

Já não ferem os pés do peregrino.

Os espinhos das flores

já não lhe ferem as mãos.

 

As angústias vividas,

os prantos chorados,

limparam seus olhos,

aguçaram sua mente,

já não sofre mais.

 

Gritos e sussurros,

carícias e murros,

calma e rapidez,

calor e frio,

pernilongos e suores noturnos,

tudo isso o calejou.

 

Ele é como zumbi a caminhar,

um leão narcotizado,

um urso hibernando,

uma águia empalhada,

já não sofre mais.

 

As cores do seu arco-íris desbotaram,

seu violão se calou,

seu piano criou cupim,

sua flauta enferrujou.

 

Sobraram algumas cinzas,

que se espalharam com o vento,

e ainda pôde ver, aliviado,

que lhe sobrou uma brasa

ainda viva em seu peito,

e ele voltou a caminhar.

e ele voltou a caminhar.

 

MUITO ALÉM DO HORIZONTE

 (12/02/2012)

G-18

O homem, já maduro, está chegando.

seu horizonte se aproxima.

O caminho está terminando.

As cores, se esmaecendo.

Seus cabelos, rarefeitos.

Sua boca, várias próteses.

A pele amassada,

inchada,

enrugada,

com pintas da velhice.

A música já não o comove.

O ocaso já não o atrai.

O riso já não o faz rir.

As ausências... ele já não se toca..

Seus olhos... como falham!

Os sofrimentos que o aprisionam... não mais o aprisionam tanto.

Os amigos... diminuíram.

Os inimigos... ele os ignora.

As ambições... se enferrujaram.

Seu time predileto...

... Ele tinha um time predileto? Não me lembro!

Hoje (12/02/12) a Whitney Houston morreu!

Mas... quem era mesmo essa cantora?

 

Seu horizonte se aproxima.

A vida eterna está chegando para ele.

Aguarda esse sublime instante,

Esse bendito horizonte,

Essa viagem de encontro com o Cordeiro Imolado,

Esse ponto de núpcias entre os dois horizontes,

para ser realmente feliz,

para ver muito além deste seu pobre horizonte,

para vislumbrar maravilhas que nem a bíblia,

nem mesmo Jesus conseguiram definir com exatidão:

elas vão muito além de qualquer palavra humana ou divina.

A única imagem que aparece, é a que,

além deste horizonte,

brilha não mais este sol que nos queima agora,

mas a infinita Luz de Deus! (Apoc. 22,4-5).

 

...E A VELHICE CHEGOU!

30/09/2012

G-393

Rugas...

cabelos brancos e poucos,

músculos preguiçosos e fracos.

O passado já distante,

Rabecão já no horizonte...

O que resta fazer?

Amigos antigos?

já são nomes de ruas.

Amigos novos?

São raros, e nada a partilhar.

A experiência florida,

enriquecida,

porém...estagnada,

arquivada.

Que fazer com ela?

Aplicá-la?

Em quê?

Onde?

Como?

 

É...

A velhice chegou!

O tempo parou!

Tudo mais difícil,

tudo mais alto,

tudo mais pesado,

tudo se complica,

nada mais atiça,

o mundo foge,

a esperança se finda,

o calendário espicha,

a sociedade parece fútil,

tudo parece inútil,

a música desafina,

as cores desbotam,

as flores murcham,

tudo se acalma,

o tempo final,

a experiência é total,

mas...

quem se importa?

POESIAS - ESPERANÇA, ENVELHECIMENTO 02

 

A FLOR DAQUELE VASO

    07/10/2012     

G-396

Todos se foram,

a música acabou,

as flores murcharam,

o leite azedou,

o pássaro da gaiola morreu de fome,

o gato “se mandou”,

o angu de camarão se embolorou no fogão,

o pó invadiu o chão,

a geladeira estufou de gelo,

a maçã nela se empedrou,

a cerveja trincou,

o refrigerante virou sorvete,

as aranhas dominam os cantos das paredes,

os ácaros reinam,

o telefone não é atendido:

Meu amigo se foi!

Meu amigo morreu!

A memória de sua vida

aos poucos definhou,

ninguém mais o conhece,

ninguém mais o enaltece,

seu túmulo foi abandonado,

rachou.

Distante dali um botão num vaso,

se abriu,

floresceu,

e tinha seu nome,

e tinha sua marca,

passageiro da mesma barca,

fruto de sua vida.

Ali sua vida continuou,

sua mensagem se desenvolveu,

sua memória resistiu:

lampejos de beleza,

maravilhas da natureza,

lembranças enjauladas,

num grito de amor,

num lance de dor,

da saudade contida.

Lágrimas turvas de alguém que o chora,

que a separação deplora,

que o pranto ameniza.

Lembranças de uma vida bela,

de uma estrada singela,

de uma gratidão enclausurada!

Tudo passou,

a música recomeçou,

o leite está fresco,

o pássaro canta na gaiola,

o gato voltou,

o chão está limpo,

a geladeira foi descongelada,

outras cervejas compradas,

as aranhas não mais existem,

o telefone é atendido,

mas meu amigo...

...continua esquecido.

Outro ocupa seu lugar,

e sua lembrança só ocupa um coração:

o dono daquele botão no vaso,

daquele lugar distante,

seu amado filho.

 

O TEMPO FUGIU

 (27/04/13)

G-36

Tudo se passou tão repente,

como um violento tufão,

como as nuvens passageiras,

como as aves migrantes,

como as batidas do meu coração!

 

Quimeras e saudade,

quietude e ansiedade,

foi só o que sobrou...

Reluto contra o tempo,

tiro a pilha do relógio,

mas as rugas insistem!

O tempo fugiu,

partiu,

se escafedeu,

não volta mais!

EU TENHO QUE CHEGAR!

(27/04/13)

G-37

Mais uma noite findou,

mais um dia começou,

a esperança reapareceu.

Tiro as botas do armário,

trato do meu canário,

corto a grama que cresceu!

 

Limpo as mágoas do coração,

enxugo as lágrimas do chão,

recomeço a caminhada.

 

O caminho é muito longo,

escarpado e pedregoso,

e eu tenho que chegar!

 

O PASSADO -

 08/06/2013

G-41

O passado passou...

a esperança chegou...

o dia acabou...

resta-me atravessar a noite,

que outro dia vai!

Sob as cinzas que sobraram

do meu passado,

vejo ainda algumas brasas acesas,

brasas vivas,

brasas de amor profundo,

páginas inefáveis que outrora escrevi!

 

São frestas

no telhado desta longa noite de minha vida,

que, com a luz do sol,

a iluminam em parte.

Ainda restam as telhas!

Vou quebrá-las,

destruí-las,

e o sol me atingirá totalmente,

e a noite desaparecerá.

 

Vida nova,

sangue renovado,

esperança resgatada,

lembranças acomodadas numa caixa de sapato,

aurora polar que começa,

flores que renascem,

cores que se definem,

primavera perene de luz,

de amor eterno.

 

"Deixando as coisas que passam,

abraçarei as que não passam", (Fil 3,13-14)

e, entre as coisas que passam,

abraçarei as que me podem levar

a um futuro feliz!

 

O INCENSO

- 24/08/13

G-47

O incenso queimado subiu,

fumaça perfumada,

leve,

agradável a Deus!

Minhas preces,

vindas do coração,

também subiram,

esperando serem ouvidas.

Gratidão...

Esperança...

Quantas coisas para agradecer!

Quantas graças recebidas!

Quantas lágrimas esquecidas!

Quanto amor envolvido!

Palavras não são necessárias,

discursos aqui

não têm nenhum valor para os que amam!

Só este incenso,

perfumoso,

sublime,

apenas esta pequena fumaça

é o bastante

para mostrar o que sinto.

Sois Santo, Senhor Deus,

Sois todo amor e bondade!

Sois tudo do que necessitamos!

Sois a mais suprema verdade!

Aceitai este incenso,

aceitai-nos no paraíso!

 

O TEMPERO

 SET. 2013

G-50

Como tempero

uso as cinzas do passado;

amizades que se foram,

ingredientes assimilados;

cinzas de verão,

cinzas de inverno,

provindas do coração,

provindas do acaso,

apimentadas ou não,

de vitórias ou de fracassos,

sementes consumadas

de saudades, felicidades,

desilusões.

As cinzas que hoje vou deixar,

não sei de que "naipe" serão:

Provindas do inverno?

Provindas do verão?

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