domingo, 31 de março de 2013

POESIAS - A CRIAÇÃO 01

 

AS FORMIGAS

 03-11-13

F-56

A trilha continua,

tímida,

às vezes fechada,

às vezes aberta,

mas sempre deserta.

Deserta?  Não!

Milhares de seres,

pequeninos,

humildes,

povoam-na e nela vivem.

Formiguinhas tão pequenas,

mas com um faro gigante!

Como pode haver vida ativa,

uma certa "inteligência",

organização,

respeito na pequena "sociedade",

em insetos tão ínfimos?

 

Fiquei envergonhado,

aborrecido,

desiludido,

de coração partido,

ao ver tanta organização,

tanta autodoação

entre as formigas,

e tanta desorganização,

tanto egoísmo,

tanto individualismo,

tanta maldade,

em nós, seres humanos,

que somos considerados racionais!

 

O PERCEVEJO

 02/03/14

F-87

Aquele percevejo,

pequenino e nojento,

correu, desesperado,

quando me viu acordado.

 

Entrou numa frestinha,

escapando, o pestinha,

de meu dedo picado.

 

Coraçãozinho disparado,

 juntou duas das patinhas,

e a Deus agradeceu,

em poucas linhas,

de não ter sido esmagado.

 

Se algo houvesse

por Deus não amado,

a bíblia esclarece,

Ele não o teria criado! 

O PERNILONGO

02/03/14

F-88

O sangue ele chupou, chupou,

e, gordinho e saciado,

num cantinho da garrafa,

jogada ali num canto,

ele quis se ajeitar,

mas tudo lhe rodava,

 tudo duplo ele enxergava,

começou a rodopiar.

 

Seu colega, ali chegando,

foi logo lhe xingando:

“Você não viu, Alfredo,

que esse cara aí do chão

está “miando” de bêbado?

 

CHIQUITO

24/08/2014

F-123

Porquinho matreiro,

ficava o dia inteiro

fuçando por comida!

 

Num dia certeiro,

o bondoso padeiro

lhe deu acolhida!

 

Parando o calhambeque

lhe deu um bastonete

de pão fresquinho.

 

Meu lindo porquinho,

pequeno e gordinho,

não mais ficou fuçando.

 

O padeiro chegando,

ia logo procurando

o pãozinho cotidiano. 

 

Em seu cochinho,

sempre cheio,

não mais houve disputa:

sossegado e faceiro,

partilhava com os pintinhos

 sem traumas e sem luta,

seu cochinho de comida.

 

Chiquito, que saudades!

Você foi a bondade

 que Deus me concedeu

 nos anos dez meus!

Seus irmãozinhos, coitados,

pela própria mãe foram esmagados

naquele triste chiqueiro.

 

Você foi vendido,

por voto vencido,

a um cara insistente.

 

Mas sua lembrança

elucida minha mente:

“Por que me apegar aos cochinhos

quando lá fora, num outro lugar,

tenho sempre um gostoso pãozinho?

 

Por que me preocupar

com coisas terrestres?

Está à nossa espera,

num outro mundo, numa outra esfera,

uma eterna vida celeste!

 

O CORVO

20/10/14

DF-131

Ilha do Cardoso, Marujá,

Praia deserta. Estou sozinho.

Cansado do caminho,

sento-me na areia.

À minha frente, um corvo.

A brisa suave eu sorvo.

Olho para ele,

ele para mim,

mais solitário ainda.

Perdeu-se dos colegas.

Minha angústia, infinda,

impede-me de andar.

Só estou ali, a lhe fitar.

Ele também não quer voar!

 

 O céu, sem nuvens,

mostrou uma negra mancha

a deslizar-se no espaço.

Era um dos seus.

O corvo me fitou,

 viu-me ainda vivo,

abriu as asas

e voou.

Deixou-me sozinho.

Voando e planando

Chegou ao seu destino.

 

Levantei-me,

aprumei-me,

e lancei-vos, Senhor,

meu lamentoso olhar:

Só convosco, Senhor,

eu conseguirei caminhar

 

A ABELHILHA EDMÉIA

(22/02/15)

F-159

A abelhinha bonitinha

saiu de sua colmeia.

Foi dar uma voltinha,

se chamava Edméia.

 

Viu uma linda flor,

cheirou, cheirou,

e estava estéril! Que dor!

Desiludida, a deixou.

 

Viu uma flor outra,

feia e “esfarrapada,”

de cor tão pouca,

mas muito perfumada...

 

Chegou, cheirou, absorveu,

feliz e radiante ficou!

Seu papinho de pólen encheu,

e aos arredores o espalhou.

 

Voltou para a colmeia,

muito pólen lhe sobrara!

A nossa amiga Edméia

seu dia ganhara!

 

Dos polens espalhados,

em flores dos arredores,

muitos frutos foram gerados,

saborosos, dos melhores!

 

No fim do dia, cansada,

Edméia nas flores pensou:

na flor bela, sem pólen, coitada,

e naquela tão feia,

em que o pólen transbordou.

 

Nem sempre a aparência,

assim nos ensina a vida,

tem a melhor essência,

mesmo de joias revestida.

POESIAS - A CRIAÇÃO 02

 

PITOCO, NOSSO CÃOZINHO

(22/02/15)

F-160

Pitoco, que saudade!

Que falta você nos faz!

A sua lealdade

muitas lembranças nos traz.

 

De ratos matador rijo,

você ia correndo os pegar!

Na terra, seu esconderijo,

ninguém os podia encontrar.

 

Correndo chegava da rua,

não comia da marmita,

nem carne cozida ou crua,

deixando sua dona aflita.

 

Ração! Eis o que ela lhe dava,

você comia obrigado!

Pois o que lhe agradava,

era um ratinho assustado!

 

Cachorrinho tão amado,

ninguém sabe seu paradeiro!

Saiu daqui apressado,

perdeu-se por inteiro!

 

Sua caminha, agora gelada,

já foi antes tão quente!

Você foi a mais amada

das criaturas “não-gente”!

 

O PEIXINHO

26/01/16

F-249

O peixinho, logo que nasceu,

viu seu irmão ser comido

por um peixe que ali apareceu

e fugiu, apavorado, esbaforido

 

De esconderijo em esconderijo

nosso peixinho tornou-se um peixão,

de vontade era forte e rijo,

não iria se alimentar dos irmãos!

 

Certo dia, entretanto,

a fome foi mais forte e voraz,

e, sem nenhum conquanto,

de devorar peixinhos foi capaz!

 

Na vida isso se repete,

a maldade, difusa, é um tormento!

ser mau dá manchete,

o irmão é feito alimento!

 

INFELIZMENTE

12/03/16

F-261

Infelizmente vejo o mundo,

antes bonito e formoso,

agora estéril e imundo,

tão triste e tão choroso!

 

Peço a Deus que nos perdoe,

que nos faça ver essa besteira

que ele um dia nos abençoe

por termos salvo a terra inteira!

 

O PERCEVEJO, O PERNILONGO, A ARANHA

13/03/16

F-264

O percevejo e o pernilongo se juntaram

diante de uma faminta aranha.

Entre eles, diante dela apostaram

quem mais sangue chuparia, uma façanha!

 

Um coitado ali por perto

foi chupado a mais não poder,

mas só quando ficou desperto

viu que nada mais podia fazer!

 

Satisfeitos e engordados,

subiram na balança, como dantes.

O percevejo ganhou estourado,

tinham a aranha por comandante.

 

Ela cumprimentou os dois,

que entraram na negra teia.

Mas a aranha não deixou pra depois,

comeu os dois, que coisa feia!

 

Afinal, essa aranha assanhada

foi a única que ganhou a parada!



O PATINHO

03/08/16

F-297

O patinho picou o ovo e nasceu

debaixo da galinha, de repente.

A galinha, de susto, quase morreu,

ao ver aquele bico tão diferente.

 

Todos nascidos, o ninho deixaram,

a galinha os fazia comer.

O patinho, quando terminaram,

dirigiu-se ao lago, a correr.

 

Nadava tão bem o pestinha!

Os demais se entretinham a brincar,

mas dava até dó ver a galinha

chamando o patinho, ao vê-lo nadar!



O MARREQUINHO

08/10/16

F-321

O marreco perguntou pra marreca

onde estava o marrequinho.

A marreca respondeu pro marreco

que ele devia estar lá no ninho.

 

O marreco foi lá, de fininho,

 e encontrou o filhote dormindo.

Bicou-o de leve, com carinho,

e saiu dali, todo sorrindo.

 

Mal o marreco foi embora,

fingindo que estava o marrequinho,

do ninho logo deu o fora

e foi brincar com o passarinho.

 

No fim do dia, todos cansados,

cada um foi pro seu ninho.

O marrequinho, fatigado,

de tanto brincar com o passarinho.



O GALO E A GALINHA

09/10/16

F-322

O galo perguntou à galinha:

“onde está o meu esporão”?

A galinha ficou quietinha,

o galo disse um palavrão.

 

Procurou em quantas coisas tinha

mas nada encontrou.

Foi de novo até à galinha

e delicadamente perguntou:

 

“Querida esposa minha,

onde você colocou o meu esporão”?

Enfadada, respondeu a galinha:

“O seu esporão? Eu coloquei no feijão”!

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