quinta-feira, 30 de maio de 2013

POESIAS - NATUREZA 01

 

FLORES SECAS -01

D-02-

(PRIMEIRA VERSÃO)31/05/1977

Ele era um operário,

mãos calejadas,

sorriso forçado,

semblante de fome,

alma angustiada,

mãos que se feriam,

em todos os espinhos da vida,

para dar o lucro

ao patrão ganancioso.

 

Este era o milionário,

mãos delicadas,

sorriso abundante,

semblante ofegante,

alma "consolada",

mãos que se abriam,

e só para isso se abriam,

para receber os lucros

do pobre operário.

 

Um dia, a morte.

O milionário, enterrado em tumba rica,

de primeira classe,

 de ouro e mármore,

ao lado da cova fria,

de terra batida,

de chão pisado,

de areia cuspida,

do operário.

 

E a viúva do operário,

"escrava" da viúva do milionário,

limpava a tumba rica,

e continuava,

dia após dia,

a levar flores

para a tumba do milionário.

Para seu marido, entretanto,

coitado!

Só podia continuar pondo os espinhos

e as flores murchas

da tumba do milionário.

 

Os meses se foram,

a vida passou,

a viúva rica novamente se casou,

e a tumba rica foi esquecida.

As flores da tumba do milionário murcharam.

 

Mas, na cova pobre,

do operário,

de terra batida,

de terra cuspida,

Oh! maravilha!

As sementes das flores murchas

encontraram terra boa,

estercada pelos espinhos do patrão,

e floresceram.

 

Na tumba rica, entretanto,

-o ouro se gastou

-o mármore se quebrou

-as flores secaram!

E dali para frente,

sempre se via,

-flores vivas para o operário,

-flores mortas para o milionário

 

AS FLORES SECAS (2ª VERSÃO)

11/12/2011

D-17

No cemitério, uma tumba rica,

do milionário,

ao lado de uma cova fria,

do operário.

Na tumba rica, flores vivas,

Na cova fria, as flores murchas,

ali jogadas,

pela viúva milionária.

 

Os anos se passaram,

A viúva se casou,

Vida nova começou,

A tumba foi esquecida,

As flores vivas murcharam.

 

Na cova fria,

de terra batida,

do operário,

as sementes das flores ali jogadas

germinaram.

 

Que bela visão!

Na tumba rica, imponente,

flores secas do milionário.

Na cova viva, tão simples,

agora um canteiro de flores vivas,

do operário.



PERDIDO NA FLORESTA

02/10/2011

D-04

Árvores, folhagens...

plantas rasteiras e trepadeiras...

Um caminho na mata...

Ele nada mais vê que o verde!

Não consegue ver o céu!

O dia está quase no fim.

A chuva ameaça o seu otimismo.

Um célere coelho atravessa à sua frente,

 assustadinho,

Mas se assusta ainda mais,

ao ver a sua angústia.

A noite chegou.

O verde sumiu.

Só folhas negras o rodeiam,

impedindo a passagem do luar.

A trilha acabou.

O dia findou.

A chuva chegou.

 

De repente, uma clareira surgiu

e a floresta lhe sorriu!

O luar apareceu!

As estrelas cintilaram!

E a porta de um adorável casebre,

com chaminé fumegante,

o abraçou,

o acolheu,

e um saboroso café quentinho

o relaxou.

 

CHUVA TRISTE

(ou: A CHUVA CHEGOU, O CARRO NÃO!)

13/10/2011

D-06

Tristeza imensa. A chuva

que cai lá fora cai

também em seu

coração...

 

Viu sua liberdade

esvair-se como a cerveja

no seu copo...

 

A alegria, até então manifestada, toma carona e se esvai na

garupa da felicidade!

As lágrimas, até agora de alegria,

perdem o brilho e se turvam,

assim como os seus olhos!

Óculos embaçados, nada vê,

a não ser as quatro paredes de seu pequeno Flat...

 

...E esse carro que não chega?!

Uma hora já de atraso!

Mas... como gostaria ele que nunca viesse!

Que o deixasse ali!

Que o deixasse livre!

 

No “Baú da Saudade”, a Dalva de Oliveira cantava “Bandeira

Branca”.

A bandeira branca da paz,

da liberdade,

da vida nova!

 

Daqui a pouco o carro vai chegar.

Ele irá trancar o seu Flat,

Fechar a água,

Desligar a luz,

Desligar o seu coração,

Desligar a sua liberdade,

Desligar a sua alegria...

...Até que chegue o Natal!




AS NUVENS

23/11/11)

D-07

Essas nuvens que agora passam,

Jamais voltarão;

As lembranças dos seus pais

Insistem em ficar.

Nuvens coloridas invadem seus neurônios,

Nuvens que não se desfazem,

Que não se comprazem em sumir,

Não querem se afastar.

 

No céu, nuvens outras nasceram:

Nimbos, cúmulos, nuvens mil apareceram,

Mas as nuvens do seu coração,

que lembram os seus pais

Não se afastam mais.

POESIAS - NATUREZA 02

 

A PESCARIA 1ª versão

04/12/2011

D-12-A

Um fogão a lenha,

Numa cabana isolada,

Por um lago moldada,

Entre árvores e matas.

 

O fogo, ainda vivo,

Crepitava na chapa.

O café, ainda quentinho,

Convidava a uma xícara.

 

Os peixes já pescados,

Já limpinhos e salgados,

Esperavam, quietinhos,

Para lá serem fritados.

 

A noite chegara cedo.

A lua se mostrava faceira.

Os pequenos animais, com medo,

Se esconderam em suas tocas.

 

A conversa, de um pianíssimo,

Em fortíssimo se tornou.

Antes duas, talvez três,

Agora oito vozes de uma só vez.

 

Na noite avançada,

Tudo se aquietou.

A pescaria foi um sucesso,

No dia que terminou.



A PESCARIA (2ª versão)

(05/10/2014)

D-12-B

Fogão a lenha,

cabana isolada,

lago, árvores, mata!

 

O fogo, vivo,

no fogão crepita.

O café, quentinho,

nas xícaras fumega.

 

Os peixes, já limpinhos,

esperam, quietinhos,

para serem fritados.

 

A noite chegara,

a lua se mostrara,

os pequenos animais,

com medo,

se entocavam.

 

A conversa, pianíssima,

fortíssima se tornou.

Antes duas, talvez três,

agora oito de uma vez.

 

Na noite avançada

tudo se aquietou.

A pescaria, um sucesso,

no dia que terminou.

 

OUTRA VEZ A CHUVA

12/07/2012

D-386

A chuva cai lá fora,

mas aquele poeta

nada mais sente em seu coração...

As lágrimas secaram,

os sonhos se findaram,

foi-se a ilusão...

 

A chuva cai lá fora,

como tantas vezes caiu,

ele a contempla,

como tantas vezes contemplou,

mas agora,

olha lá fora,

e nada mais vê,

nada mais percebe,

além da água caindo,

fecundando as plantas.

 

Nenhuma poesia!

Nem um só verso!

Para onde eles foram?

Em que esquina de sua vida se esconderam?

Qual foi o sonho que os engoliu?

 

A chuva continua a cair lá fora,

seu coração continua nada sentindo,

sua mente continua vazia,

sem fantasias,

sem emoções.

 

A chuva cai.

Simplesmente isso:

cai.



CURVAS E FLORES

 (13/08/2012)

D-387

As curvas da estrada

são cheias de flores,

que escondem perigos,

não mostram os espinhos

nem os abismos,

que falseiam os amores.

 

O riacho, bonito,

entra na mata,

me traz esperança;

é um dos caminhos a seguir,

e o poeta quer saber até onde vai.

 

Ele o segue e se perde,

ele se vê num cerco,

sem norte nem sul,

sem leste ou oeste.

 

As curvas da estrada

são cheias de flores,

são cheias de amores,

que levam ao abismo

de um lindo sorriso

cercado de cores.

 

O belo riacho

o embrenha na mata,

o leva a um labirinto

de água e de verde,

mas não sente o que ele sente,

está sempre plácido,

silencioso e modesto,

murmurando ruídos

de seres que ali vivem,

que riem dele,

por estar perdido.

 

Seres ali aprisionados,

pela mata limitados,

que nada sonham,

nada almejam,

nada desejam.

 

Consegue dobrar a curva,

consegue sair da mata,

ladeia o abismo,

olha para trás,

e vê os seres da mata,

ainda rindo dele,

dos seus sonhos,

dos seus amores,

das suas flores,

das suas cores,

e não percebem

a triste realidade:

eles estão aprisionados

numa idiotice sem saída.



A FLOR E O FURACÃO

26/08/2012

D-390

O furacão passou

derrubou tudo,

arrasou a natureza.

Árvores, casas, prédios,

tudo ficou em pedaços.

No campo,

ainda verde,

só uma flor,

apenas uma flor sobrou

em toda a redondeza.

Uma flor bonita,

perfumosa,

cheia de cor!

Estendida no meio do nada,

se deliciava com os raios de sol

que finalmente surgira.

 

Gotas d'água

ainda caíam de suas pétalas.

Um pequeno broto ensaiava abrir-se.

Que alegria!

Tudo, aos poucos, floresceria!

 

Mas quando o botão finalmente se abriu, fazendo companhia à flor solitária,

uma bota imunda,

sórdida,

infeliz,

as destruiu.

O furacão passou,

a beleza sumiu!



TÊNUE LUZ

(26/08/2012)

D-391

As nuvens cobriram a paisagem,

O Peregrino perde de vista a imagem de sua luta.

Essa miragem que agora ele vê

não o satisfaz:

é imposta,

mas lhe traz uma grande paz...

a paz de saber-se aos pés dos que o oprimem,

sem nenhuma reação,

sem nenhuma ação,

sem a ninguém orientar.

 

As nuvens cobriram sua paisagem,

a neblina cobriu o seu caminho.

Só vê uma fraca luz a que tem de seguir,

seguir,

sem saber aonde vai levá-lo.

Deus está escondido por detrás de tudo isso,

ele não só não O vê,

como também não consegue descobrir

a qual direção ele o orienta.

Uma só e tênue luz.

O Peregrino não tem escolha.

Apenas uma tênue luz...

 

A TERRA DESTRUÍDA

(O DESERTO AMAZÔNICO)

02/12/ 2012

D-31

Poetas, não-poetas,

todos concordam:

 Mundo veloz,

mais atraente,

mas sem beleza,

 sem natureza,

sem a singeleza

 com que foi criado.

 

Flores vertem cicuta,

nada vale a labuta

dos trabalhadores,

pobres operários.

 

Homens se trucidam,

muitos se suicidam,

morrem em vão.

O mar vira aquarela,

 a natureza, antes bela,

 nunca se recuperarão.

 

 Peixes sem rumo,

sem oxigênio,

morrem a céu aberto.

Na Amazônia, não demora,

uma última árvore,

sem muito alarde,

será destruída

por um simples raio,

dando origem

a um novo deserto,

o deserto amazônico.

 

Foi um raio divino? Não sei!

Só sei que,

se Deus eu fosse,

talvez eu nem sequer

nos teria criado

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