POESIAS - NATUREZA 06
A CHUVA MÁGICA
14/11/2014
D-141
Quando a chuva cai,
minha alma se retrai,
eu saio de mim mesmo,
das coisas que me cercam,
dos problemas que me apertam,
da labuta que me cansa!
Quando a chuva cai,
fico à janela,
nela ponho meu olhar,
e fico a meditar
nas chuvas da minha vida.
Quando torrenciais,
mesmo passageiras,
inundam ruas inteiras,
fazem tudo se alagar!
Quando são fininhas,
e duram dias inteiros,
não entopem os bueiros,
mas me fazem sonhar!
São instantes mágicos
que me tiram do “trágico”
e me levam às alturas,
longe das agruras,
longe de todo o olhar.
Eu me sinto diferente,
de tudo me torno ausente,
não sei bem como explicar!
Eu me sinto com Deus!
Diante dos olhos seus,
me sinto no paraíso!
O horizonte,
até então contido,
se abre
e me deixa sonhar!
SONETO DA SOLIDARIEDADE
10/12/2014
D-144
Os pardais se esconderam do frio, da chuva,
os gaviões desistiram, voltaram às tocas.
Coloquei meu capote, calcei minhas botas,
me vesti de coragem, calcei minhas luvas!
O barulho da tarde,
molhada e escura,
envolvia o meu corpo,
em meio à borrasca!
A enxurrada levava pedaços e lascas
dos meus sonhos, lembranças, no meio da rua!
Eu não pude evitar que isso tudo ruísse!
Meu barraco querido, solidão de louvor
obrigou-me a chuva de lá eu partisse!
Sem mais nada a pegar, constrangido de dor,
só uma coisa impediu que dali eu fugisse:
acolhidas vizinhas, tão cheias de amor!
“LE LAC DE CÔME”
20/12/2014
D-145
(Leia ouvindo a música)
(Como eu entendo essa música)
Um barco no lago de Como,
tranquilidade,
música doce, ondas harpejadas;
minha vida, uma suavidade!
O início da música,
são as águas passadas
No segundo movimento,
sem se perceber,
começa o vento,
a paz vai perecer.
Minha vida se encrespa,
o lago de ondas se infesta!
No terceiro movimento
uma momentânea paz,
minha força se refaz,
o lago parece se acalmar,
a paz parece voltar!
Puro engano!
Vem a tempestade,
minha vida perde a majestade,
se torna um palco de horror,
o teclado é ferido com pavor,
como a luta que me ameaça,
como o barco,
em meio à borrasca!
É o quarto movimento.
No quinto movimento
volta a paz,
a minha vida se refaz;
no lago de Como
o sol volta a brilhar,
a serenidade acaba de voltar!
Minha vida
é como esse barco antigo,
que na praia do lago
encontra abrigo:
encontrei amparo no meu Deus,
se enxugaram os olhos meus!
(quando eu tocava essa música ao piano, pensava nisso que escrevi aí).
A VOLTA
(01/02/15)
D-151
Aos poucos retorno
à vida da cidade!
Quanto transtorno
com a nova realidade!
Os pássaros canoros,
agora são os pardais!
Antes cantos sonoros,
agora os ruídos infernais!
Novamente eremita da cidade,
minha vida vai mudar!
Da solidão terei saudade,
quanta coisa a recomeçar!
Meus amigos, amigas minhas,
espero Deus a me ajudar.
Passaram-se as coisas antigas,
só as novas têm seu lugar!
A PLANTA VIÇOSA
(02/02/15)
D-152
A planta viçosa,
coquete e formosa,
se encheu de esplendor
Canteiro repleto,
de flores completo,
nenhuma tão bela
como esta flor.
Vaidosa e cheirosa,
mais bela que a rosa,
esparzia seu odor.
De repente, uma chuva,
suave qual luva,
beijou nossa flor.
Risonha e garbosa,
ficou toda “prosa”,
humilhou as demais,
sem nenhum pudor.
Mas a chuva mudou,
granizos gerou,
mataram nossa flor.
Só sobraram as feias,
escondidas nas teias,
cheias de candor.
A vida é tão bela,
mas tudo o que há nela,
perde o esplendor.
Hoje somos os “tais”,
amanhã não somos mais,
atingidos pela dor!
O MARIDO APAIXONADO
(02/02/15)
(de um esposo à sua esposa)
D-153
Você é a flor,
eu sou o seu talo!
Quando você me chama,
eu obedeço e me calo!
Querida, me perdoe,
se às vezes eu lhe fui espinho!
Hoje eu só quero
envolver-lhe de carinho!
Sua presença amiga
me fez sobreviver!
Em tantos desatinos,
você só fez em me bem querer!
Rodeados pelos filhos,
quero lhe confessar:
Minha amada, minha querida,
eu quero sempre lhe amar!
Comentários
Postar um comentário