POESIAS - NATUREZA 07
O PICO AGULHAS NEGRAS
(28/02/15)
(anos 70)
D-162
Quatro vezes o escalei,
quatro vezes o amei!
Subida difícil e trabalhosa,
perigosa, mas cheia de encanto!
A cada canto, um desafio,
no desafio, uma paz saborosa!
A subida valeu!
O topo, quase no céu;
a audácia venceu!
A paisagem, ao léu,
desdobra-se num apogeu!
Lá embaixo, tudo pequeno!
Uma brisa fresquinha e suave,
um clima mais do que ameno,
num janeiro de verão tão grave!
O silêncio é profundo!
Nem aves, nem bichos, nem grilos!
Sentado no topo do mundo,
meu cérebro “viaja” tranquilo!
A realidade me chama,
preciso ao meu mundo voltar!
Profunda tristeza me inflama,
com os colegas, a retornar!
Uma chuva irrompe tão forte,
dificulta sem par a descida!
Tememos o perigo da morte,
a vigilância se torna renhida!
Já no sopé, vitoriosos,
a Deus tão bom agradecemos!
Encharcados, mas gloriosos,
algum dia, decerto, voltaremos!
Pudera! Isso nunca se refez!
A idade chegou, desastrosa,
e com ela a flacidez!
Só na lembrança, tão chorosa,
posso estar lá outra vez!
A GOTA
(15/03/15)
D-168
A gota pingava
na pedra tão dura!
Uma pedra que chorava,
sobre uma outra, suas desventuras!
A pedra de baixo resistia,
pra pedra de cima não ligava!
A de cima insistia,
e sobre a outra, sempre pingava!
Ano após ano chorando,
a pedra de cima venceu!
A de baixo, lhe chamando,
lhe disse: “Você me comoveu!”
No buraco que a água fizera
na pedra de baixo. surrada,
caiu um pouco de terra,
e uma semente inchada.
Uma flor apareceu
e a trepadeira se espalhou,
cresceu e cresceu,
e na terra se firmou.
A pedra de baixo, coberta
pela linda trepadeira,
não mais ficou deserta,
se encheu de flores por inteira.
A de cima a chorar continuou,
não de tristeza, mas de alegria!
A pedra de baixo se enfeitou
não mais continuou pedra fria!
A água continuou caindo,
as duas pedras sorriam,
`a nova vida se abrindo,
as gotas não mais lhe feriam!
A moral desta história
é fácil entrever:
Está, o caminho da vitória,
no compartilhar o sofrer!
DIA DE DESERTO
(27/04/15)
D-178
Rádio, tevê, internet, jornal,
telefone, campainha, ruído infernal!
Cansei-me de tudo, saí para fora,
fui para o sítio onde meu tio mora,
lá, dormi.
De manhãzinha, na cocheira,
ao lado da vaca leiteira,
tomei meu achocolatado,
leitinho bom, espumado,
mas... uma mosca engoli!
Peguei um lanche e caminhei,
na mata fechada eu entrei.
Pássaros barulhentos e variados,
não me deixaram sossegado!
Quanto barulho eu ouvi!
À beira do rio cheguei,
pernilongos e mutucas encontrei!
Minha casa, ó que saudade!
Que falta faz a cidade!
Muitas picadas senti!
Nadei um pouco e voltei,
na casa do tio almocei,
retornando logo à cidade,
e à minha casa. Que felicidade!
Bem logo adormeci.
No dia seguinte, logo bem cedo,
desliguei tudo, sem nenhum medo,
e, sem sair da cidade,
fiz o meu gostoso dia de deserto!
TARDE DE OUTONO
(27/04/15)
D-179
A tarde me invade,
o sol me ilumina...
a felicidade,
qual dama fina,
pede licença
e, com toda a bondade,
em mim se descortina!
Presto muita atenção
a este crepúsculo tão belo!
Ponho nele o meu coração,
pois tudo é tão singelo!
A brisa mansa
que em meu rosto descansa,
excede todo anelo!
É plena a consolação!
Quando estou em Deus
tudo se torna bonito!
Estes pobres olhos meus
vislumbram o infinito!
A PRAIA DO MARUJÁ -2
25/06/15)
D-194
A pousada do Tonico,
quantas vezes me abrigou,
pra curar meus estresses
a que a vida me levou.
Praias desertas e puras,
sem ninguém para te olhar,
cheias de formosura,
sem casas, sem nada,
só a mata a enfeitar!
A praia da Laje, que linda!
Capricho da criação!
A paz ali é infinda,
conforta o meu coração!
A cataia na pinga
alegra qualquer paladar!
A ressaca, porém, se vinga,
a quem não a souber dosar.
Uma só coisa eu desejo,
um só é meu querer:
ao Marujá eu almejo
voltar antes de morrer!
O SONHO
(13/08/15)
D-202
A caneta caiu
a luz se apagou
a realidade sumiu
o sonho começou
Um mundo perfeito,
em tudo e em todos a paz,
o ar puro, refeito,
vida que satisfaz!
Mas seus olhos se abriram,
o sol reapareceu,
as cores ressurgiram,
o sonho morreu,
o mundo voltou
ao que era antes.
Quando a caneta caiu, no caderno ele havia escrito:
“Tudo o que Minh' alma pediu
é ver um mundo bonito!”
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